Nos últimos tempos
virou moda o discurso: "Eu tenho amor próprio meu bem!".
Quem tem coragem de se perceber, de voltar-se para si, refletir sobre suas mazelas e reconhecer que é tão imperfeito como qualquer pessoa "normal".
Infelizmente esse
discurso pertence a um momento onde a cultura que se exalta é da ignorância: da arrogância, da
violência gratuita (inclusive praticada por pessoas "normais"), momento
da "coisificação da vida", da
falta de educação, do português errado, da falta de empatia e simpatia (momento
onde a brutalidade exaltada é motivo de orgulho, inclusive entre as mulheres).
Um tempo de inversão total de valores, onde se respeita mais o discurso (vazio)
de um personagem de novela ou BBB qualquer da mídia. Em que mais se "curti e compartilha" trechos de uma
"música" cheia de
imbecilidades, que na verdade é um reflexo de todo esse lixo que se oferece e que
infelizmente muitos compram. Onde as referências são "certas figuras", celebridades que não têm o menor compromisso
com o Saber, com o espírito inquietante e sedento por conhecimento que é a
abertura para o novo, para aquilo que se aperfeiçoa e que permite sermos um
pouco melhores! Esse "amor próprio" é na verdade um orgulho gerado pela ignorância, ou seja, esse "amor próprio", que é vazio e mesquinho, é uma forma de mascarar a ignorãncia (é um disfarce da ignorância).
Vivemos
num tempo de "cada um por si e Deus por mim, o outro que se dane!".
Portanto, dentro desse
contexto esse discurso é uma falácia, um conceito distorcido e difundido de
forma equivocada (repito: muitas vezes esse conceito é soberbo, egoísta e
infantil). O outro é sempre o vilão, o nocivo, o cara
mau... somos sempre as "vítimas"
os coitadinhos, os sofredores, os perseguidos. Existe muita conversa “mole” em
torno disto!!!
É sinal de que falta reflexão,
de que a pessoa não se percebe, não faz uma "mesa redonda consigo mesma", que é uma oportunidade para
colocar diante si as suas próprias mazelas e a partir daí fazer desconstruções
significativas para que haja aperfeiçoamento, conhecimento de si e a
perspectiva de desfrutar de uma vida mais equilibrada consigo mesma e com o
mundo.
Acredito que quanto
mais conhecimento eu tiver de mim mesmo, melhor estará a minha visão, a minha
capacidade de compreensão, capacidade de enxergar as coisas com outro olhar e
quem sabe, deixar de considerar o outro como inimigo e acha-lo mal porque é diferente ou por ter uma cultura diferente (claro que em certas situações
é importante se preservar - como diz minha mãe: "é inútil dar murro em ponta de
faca").
Esse orgulho distancia as pessoas, destrói relacionamentos,
amizades e casamentos. Gera soberba, impede a reflexão, engessa o entendimento,
sufoca a humildade e perpetua a ignorância.
Quem tem coragem de se perceber, de voltar-se para si, refletir sobre suas mazelas e reconhecer que é tão imperfeito como qualquer pessoa "normal".
Por Romeu Oliveira
Excelente texto, onde nos leva a reflexão de como é necessário esse auto conhecimento, reconhecer limitações, falhas, apegos, egos e o quanto ainda precisamos aprender para nos tornarmos verdadeiros seres em caminho da evolução.
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