Acredito que os relacionamentos seriam mais saudáveis se aprendêssemos
a assimilar e conviver com a transparência ou sinceridade!
Esses dias eu assisti a um filme e um diálogo chamou bastante a minha atenção. Um casal retornava de uma festa onde puderam reencontrar colegas e conhecidos do tempo de colégio. E falavam sobre o desenrolar da vida de cada um. O marido meio incomodado desabafou sobre seu próprio casamento, as dificuldades que passavam e que a esposa poderia ter “se dado melhor na vida” se tivesse escolhido outro pretendente, por ser muito bonita. E a esposa olhando para ele e demonstrando compaixão respondeu dizendo que o escolheu pela pessoa que ele é. Uma pessoa legal e engraçada, mas não percebi sinceridade. Ao ouvi-la o marido se animou, mas ainda que desconfiado (ele sabia de que ela não falara a verdade).
Isso me deixou muito intrigado e fiquei pensando como a gente se engana! Mentimos e ao mesmo tempo nos enganamos. Como somos frágeis!

Não temos o direito de expressarmos o que realmente somos! Vivemos numa ditadura pessoal disfarçada.
Somos prisioneiros de nossos personagens, prisioneiros do constrangimento! Não existe abertura ou liberdade para transparência, vivemos em uma "falsa realidade" (acredito em raras exceções). Sinceridade significa desrespeito. Vivemos dentro de um “estado democrático de direito”, ou seja, inseridos em uma democracia (questionada) que permite a liberdade de expressão. Mas eu sou livre para me expressar desde que o outro concorde. Não sabemos lidar com as diferenças e com o contraditório. É um circulo vicioso (eu não falo o que você não quer ouvir desde que você também não fale daquilo que eu não queira). A sinceridade expõe, infelizmente constrange (e constrange porque ocorre geralmente diante de uma piada ou uma discussão acalorada), nos deixa despidos, mostra a nossa nudez, expõe as nossas mazelas (as nossas fragilidades), aquilo pelo qual fechamos os olhos, que nos incomoda mas aprendemos a conviver. (Romeu Oliveira)